A Reencarnação e Missão de um Espírito III
*Enoque Alves Rodrigues
Em Montes Claros aquele espírito encarnado de nome Cláudio iniciou os seus estudos ao mesmo tempo em que conseguia uma colocação em um posto de gasolina na condição de frentista. Estudava durante o dia e à noite marcava o ponto no Auto Posto Ateneu que se localizava no Bairro Malhada Santos Reis.
Cláudio, sempre amparado pelos pais no plano material e por dois espíritos guia que haviam sido seus avós em encarnações passadas, progredia nos estudos e no trabalho. As dificuldades faziam parte de seu cotidiano, mas ele, ao invés de reclamar da vida dura seguia em frente na luta pelos seus objetivos que, aliás, segundo ele dizia, eram mais os objetivos de seus pais que seus apesar de tê-los abraçado integralmente por que suas preocupações maiores eram não decepcionar os pais que muito esforço desprenderam a seu favor, conforme a promessa que fizera anteriormente. Bem, o importante é que sendo ou não iniciativas suas ele possuía um objetivo que dizia que ele teria de ser médico.
Depois de muitas batalhas eis que Cláudio chega finalmente à Universidade. Ali ele conseguiu passar por todas as etapas com louvor. Aluno aplicado que se dedicava extremamente ás tarefas no aprendizado da nobre arte de Hipócrates, formou-se, especializando em obstetrícia, sem jamais ter repetido uma matéria, se transformando no melhor aluno de sua turma o que lhe dava posição de destaque em todos os eventos inerentes ás festividades comemorativas da Universidade.
A escolha da especialidade de obstetra não foi por acaso. Ele trazia, lá nas recônditas lembranças, sua infância sofrida assim como a maneira rudimentar e pouco higiênica em que os “pobres imortais” eram trazidos à “luz do mundo”. Ele próprio veio dessa forma e todos nós ainda nos achamos no exato momento e no cenário de seu festivo nascimento. Estes eram, no entanto, os motivos sobre os quais se fundamentavam a sua escolha no plano físico, que, diga-se de passagem, são muito insignificantes e até banais e que por si só não embasariam ou se sustentariam, definitivamente. Mas, ocorre que, quando os Anjos dizem amém à coisa se torna muitíssimo mais séria. Coincidentemente? Não. Premeditadamente? Sim! Era exatamente esta a missão que o Plano Superior havia traçado para o espírito Cláudio muito antes de sua atual reencarnação. Ele veio, amparado por aqueles dois espíritos, seus avós, César e Ana, para ser um médico pesquisador no que tange a mitigar os riscos aos quais, parturientes e bebês, menos favorecidos, eram expostos em tempos de antanho. A Sua missão era amenizar as dores e sofrimentos que acometiam o veículo físico onde espíritos se achavam encarnados na terra em condições de pobreza material em seus resgates rumo à evolução plena. Esta era a sua missão a qual me referi no capitulo anterior onde ele não poderia sequer pensar em fraquejar.
Não é preciso se pesquisar muito para se chegar ao maior e mais importante médico que a Cidade de Montes Claros já teve. Atendia pelo nome de João José Alves o qual teve grande influência na vida daquela Cidade da qual foi prefeito por mais de uma vez tendo exercido grande atuação também na revolução de 1930. No inicio de sua carreira Cláudio foi assistente do Dr. João José Alves. Durante muitos anos Cláudio, Médico Obstetra, espírito encarnado, manteve seu consultório na Praça Dr. João José Alves. Sim, o Dr. João, em vida, já dava nome a uma praça de tão importante que ele era. Á maneira que Cláudio progredia na carreira ia aparelhando aquele Consultório que em pouco tempo se tornou o mais luxuoso e imponente do lugar. Com tapetes persas desde a entrada, porcelanas chinesas onde servia o chá das cinco, torneiras banhadas a ouro, equipamentos cirúrgicos de ultima geração, avançadíssimos para a época, não demorou muito para que o Consultório do Doutor Cláudio se tornasse o mais concorrido de Montes Claros. A ele se dirigiam ás senhoras da alta sociedade a fim de usufruírem de um pré-natal sem dores e riscos e, se possível, da fama do dono e da pompa das instalações mediante consultas de valor astronômico e inacessível aos irmãos simples, antes atendidos por Cláudio, dois dias por semana ali mesmo e depois em Hospital Público. A demanda era muito grande. Naqueles tempos um bom médico era considerado um santo na terra e Cláudio reencarnou para ser bom em seu oficio. Se de um lado os ricos, da sociedade Montesclarense o procuravam aos montes, por outro, os pobres, escórias daquela mesma sociedade o buscavam, desesperadamente, também aos montes, para lhes amenizar os pesos de seus sofrimentos ou, pelo menos, balsamizar os seus ouvidos, com palavras de conforto no sentido de seguirem-se adiante com os seus respectivos fardos.
Só que por melhor que alguém possa ser, enquanto espírito encarnado sujeito a todas as provações e dificuldades, não consegue, como diz a Bíblia, “servir a dois senhores” por muito tempo. Ninguém nesta encarnação possui o dom da onipresença. Cláudio não era diferente. Ele não podia estar em vários lugares ao mesmo tempo. Portanto ele não tinha mais condições de atender a todos. Nesse caso, queiramos ou não, era chegado o momento de optar.
- Ficaria Cláudio com os ricos que abarrotavam o seu Consultório de dinheiro? Não se esqueçam de que deles provinha todo aquele luxo e status. Ou,
- Privilegiaria o atendimento aos pobres materialmente que nenhuma condição tinha de pagar por uma consulta? Para tanto, Cláudio teria de atender somente no Hospital Público, por que tinha de fechar o Consultório por não ter condições de banca-lo sozinho, sem a demanda da nata abastada.
É o que veremos no epílogo desta crônica na próxima semana.
Aguardem!
* Enoque Alves Rodrigues é espírita