SUICIDAR... PRÁ QUE?
*Enoque Alves Rodrigues
É possível que em nossa peregrinação terrena não exista até os dias atuais maior violência capaz de superar a que parcela considerável de seres humanos, tomada pelo desespero ou covardia, comete contra si na vã tentativa de abreviar a existência que Deus lhe concedeu. Todo e qualquer suicídio, consolidado ou não, independente do “êxito” que possa conseguir o seu autor em seu desafortunado intento, não passa de uma tentativa, por que tem ele a capacidade de extirpar apenas a vida material uma vez que nenhum poder exerce sobre a vida espiritual que pertence a Deus a quem cabe preservar eternamente, pois espirito é alma, é luz, é a centelha Divina que uma vez criada (acesa) jamais se apagará. Ninguém mata o espírito. Portanto, meu nego, o espirito é imbatível e você por mais que assim o queira, nunca conseguirá eliminá-lo. Aliás, informo a você que porventura esteja neste momento pensando na bestagem de se suicidar de que nem mesmo Deus, O Criador Supremo de todas as coisas, inclusive da vida e dos espíritos, se permite a Ele próprio ceifar a vida espiritual por que com isto Ele, Deus, estaria destruindo a Sua própria Obra e se assim o fosse Ele não seria perfeito. Deus é Amor, Justiça e Perfeição.
Não entrarei no mérito de questionar os motivos que levam alguém ao suicídio. Cada um tem uma maneira peculiar de encarar, resolver e administrar seus problemas. Enquanto uns resistem tenazmente, entre sorrisos a mesma carga que ao outro fustiga, constrange e martiriza e que mal consegue dar um passo adiante mesmo com a língua de fora. Ninguém, por mais independente que pareça vive sem quaisquer dificuldades que são colocadas em nossa trajetória terrena no sentido de moldar o nosso caráter, purificar-nos e preparar o nosso espirito rumo ao Mundo Maior que é o objetivo principal de todos nós que por essa terra andamos. As dimensões, grandes, médias ou pequenas de cada problema ou dificuldade nascem, crescem e morrem em nossa cabeça. Somos nós e não Deus os responsáveis pelos seus tamanhos. Somos nós, e não Deus, que turbinamos os pequenos obstáculos que a vida nos põe á frente ao nos fingirmos de vítimas contumazes do próprio Deus ao transformarmos uma pequena gota de orvalho matinal numa tenebrosa tempestade. Evidente está que se tomarmos como prática a adoção de medidas preventivas, encarando tudo, dentro do possível, com naturalidade, entusiasmo, fé e amor, teremos bem mais facilidades de superação e resiliência que aqueles que ao primeiro sinal de problema fecham a cara e se escoram no próximo barranco esperando a morte chegar. Acorda meu chapa!
Somos filhos de Deus e apesar de termos sido criados por Ele á sua imagem e semelhança ainda estamos á trilhões de anos-luz de distância da perfeição que Ele nos reserva. A nossa caminhada evolutiva neste planeta de expiações e provas é muito lenta. A ignorância, o orgulho, a arrogância, a mentira, a cobiça, a inveja, o apego, a volúpia, a maldade e outras mazelas contemporâneas nos aproximam muito mais dos primatas, nossos ancestrais, que de Deus, nosso Pai. Aliás, justiça seja feita aos primatas, e antes que eles saiam de suas tumbas, corados de vergonha pela infeliz comparação que faço, corro para me corrigir, antecipadamente, informando que lamentavelmente nem mesmo a eles nós nos assemelhamos, por que eles jamais teriam em suas personalidades tanta maldade e desvios de caráter e conduta quanto nós. A única preocupação que tinham era com a própria sobrevivência pela qual matavam apenas para saciar a fome ao contrário do homem atual que além de não se contentar com a lista infindável de malefícios que ostenta com naturalidade ao invés dela se envergonhar, ainda mata o seu semelhante pelo simples prazer de matar, e rouba, por diversão, ou por não temer as Leis de Deus ou confiante na impunidade de suas próprias leis.
Observando a vida por este prisma, numa visão crua e simplista, por que simples são as coisas de Deus, somos compelidos a admitirmos sem quaisquer dúvidas que estamos desperdiçando a grande oportunidade da evolução que Deus nos concedeu de resgatar os nossos débitos, por que ao invés de caminharmos para frente, como faziam os primatas de antanho e os animais de hoje aos quais chamamos de irracionais incluindo os répteis, acabamos caminhando para trás nos distanciando, contrariamente, dos próprios primatas, nossos ancestrais, que no quesito evolução das espécies, em todos os sentidos, estão eles sim, a bilhões de anos luz de distância á nossa frente.
Evidenciados estão os motivos mais que suficientes para nos envergonharmos de nós. É decepcionante constatarmos que nem mesmo os grandes e bons exemplos que tivemos de alguns “mahatmas” que a espiritualidade maior de quando em vez se encarrega de enviar á terra foram capazes de nos corrigir. O nosso orgulho está mortalmente ferido e estamos muito tristes por sabermos que ainda somos piores que os símios. Que só evoluímos na prática da maldade e de coisas abomináveis. Que somos terrivelmente temidos por nós mesmos. Perdemos a noção de tudo e não sabemos sequer aonde queremos chegar.
Mas, acreditem, nem isto justificaria dar cabo á vida. O suicídio não pode fazer parte do projeto de vida de ninguém por uma razão muito simples: sempre a tempo para se arrepender e recomeçar. A vida é um eterno recomeço. Mas não abusemos da bondade e paciência de Deus. Até por que podemos deitar vivos hoje e, sem querer, “acordar” mortos amanhã e ai o tempo que imaginávamos ter não existirá mais.
-“Vá e não peques mais”-, disse o Mestre á jovem pecadora a quem uma turba sanguinária de “civilizados de mentirinha, assim como nós”, inferior aos primatas, queria apedrejar.
Pensem nisso e sejam felizes!
E tenho dito.
*Enoque Alves Rodrigues é Espírita