SERÁ QUE ESTAMOS FAZENDO A NOSSA PARTE?

SERÁ QUE ESTAMOS FAZENDO A NOSSA PARTE?

*Enoque Alves Rodrigues

Quantas vezes visualizamos nas esquinas das ruas pessoas com as mãos estendidas solicitando um auxílio por mais irrisório que seja? Quantas foram às vezes em que nós nos vimos sensibilizados a oferecer uma moeda á mão sofredora?

Defrontar com irmãos deitados nas sarjetas em verdadeiro estado de penúria e degradação humana não é fácil, e ai o nosso coração bondoso nos convida a refletirmos, ocasião em que colocamos os nossos préstimos e recursos em favor do irmão carente no intuito de lhe amenizar as dores e sofrimentos da doença ou da fome.

“Fazer o bem sem olhar a quem!”, como recomenda o adágio popular seria, realmente, uma máxima correta? Será que devemos estender a mão para todos, indistintamente? Temos de nos conduzir sempre pelo que nos dita o coração? Agindo assim, não estaríamos, porventura, negligenciando recursos que poderiam cair em mãos erradas que os utilizariam de madeira equivocada na sustentação de vícios e outros desvios de conduta em detrimento de quem verdadeiramente necessita? Ou pelo fato de não possuirmos bola de cristal para nos revelar quem é necessitado, partimos para o vale tudo, abraçando a zona de conforto que nos garantirá um lugarzinho no céu ao lado de Deus, agradando a gregos e troianos e no final ainda falamos para nós mesmos: “Beleza. fiz a minha parte!”. É isso?

Será que fizemos mesmo?

Negativo. Não fizemos a nossa parte coisíssima nenhuma!

Muito mais importante que oferecermos o nosso ombro ou darmos uma moeda a alguém, é ter a convicção de que os objetivos de ambos foram alcançados e que a nossa ajuda serviu, realmente para ajudar e não para prejudicar ou empurrar o pedinte ou necessitado de araque para o precipício, ainda que não tenha sido esta a nossa vontade.

Assim sendo, antes de nos compadecermos da retórica de quem nos solicita auxilio, façamos uma rápida reflexão para nos certificarmos de que meter a mão no bolso ou oferecer o nosso ombro amigo são mesmo um gesto de amor e caridade. Não se iludam por que nem sempre isto corresponde á realidade que queremos ou desejamos. Ao contrário, por vezes, ou quiçá, na maioria delas, estamos prestando um desserviço ao próprio pedinte, á sociedade e a espiritualidade maior, como fomentadores de mazelas e violências e por induzir alguém á ociosidade que é um mal sem cura.

Não podemos nos esquecer de que todos nós que neste Planeta nos achamos encarnados estamos trilhando por caminhos cobertos de espinhos e curvas infindáveis que são as dificuldades e obstáculos da vida a que estamos sujeitos por que vem daí as resistências que precisamos para vencermos ás provas que nos qualificam a seguirmos a nossa caminhada evolutiva de resgates, capacitando-nos a sermos recebidos, um dia, com pompa de vencedores no Mundo Maior pelos Espíritos Superiores que lá estão á nossa espera, e que alegremente poderão dispor de nós como ferramentas em benefícios dos que realmente necessitam, graças às experiências que aqui conseguimos a duras penas amealhar.

Não foi sem motivos que o Criador fez todos nós espíritos independentes. Você já ouviu falar na individualidade dos espíritos? Pois é. É quase isso. Não queira carregar a cruz que O Mestre confiou ao seu irmão. Contente-se em apenas orienta-lo quando puderes no sentido de mitigar dispêndios de forças desnecessárias, mas faça isso sem querer “interferir na vontade de Deus” que é Justo e Bom e que, portanto, jamais daria um peso a quem quer que seja superior ás suas próprias forças.

Por outro lado existem irmãos que sequer tentou fazer a sua parte em seu próprio beneficio e já reclamam a nossa ajuda, por nos julgarem em situação um pouco melhor. Esquecem-se, por certo, da longa caminhada de tropeços, tombos e quedas que empreendemos até chegarmos aqui. Olvidam-se de que a eles também foram dadas as mesmas oportunidades, mas que eles as ignoraram ou não quiseram aproveita-las.

Também não queiram ter pena de ninguém. Sendo todos nós filhos de Deus, somos dignos de amor e fraternidade e nunca de pena.

Pensem nisso e sejam felizes!

E tenho dito.

*Enoque Alves Rodrigues é espirita.