Espiritismo: Equilíbrio, sim. Exemplo, talvez!
*Enoque Alves Rodrigues
Geraldo, casado com Maria Estela que lhe deu um casal de filhos saudáveis que cresceram sob a retidão os pais. Criados que foram em um lar simples e modesto, mas provido do conforto básico necessário à vida digna onde os bons exemplos de amor, honestidade e trabalho persistente eram dados pelos pais. Marido e mulher labutavam de sol a sol a fim de que nada faltasse aos dois filhos ainda criança, principalmente no que dizia respeito à educação de ambos com a qual não negligenciavam. Diziam sempre, que a maior herança que os pais podem deixar aos filhos é a educação. Que essa ninguém pode lhes tirar. Que as boas maneiras são aquelas transmitidas desde o berço, sem imposição, mas naturalmente, etc. Que bom seria se todos pensassem e agissem dessa maneira!
No entanto, sabemos que a realidade não é bem assim. Muitos naufragam ainda nos primeiros passos exatamente pelo fato de ter faltado o equilíbrio necessário para continuar trilhando pelos caminhos da retidão e superando dificuldades e obstáculos que o permeiam. Assimilando as coisas boas que conseguirmos absorver das mazelas diárias seguiremos em frente com a nossa caminhada transmitindo com amor ao demais ás experiências do nosso aprendizado sem imposição.
É exatamente ai que o “bicho pega” e agora você começa a entender o porquê da palavrinha “equilíbrio” dar titulo a minha crônica espírita de hoje.
Muitos de nós, ou quiçá a maioria, no afã de querer o melhor para os nossos familiares e para os outros nos esforçamos para que eles sejam exatamente como nós somos. Olvidamo-nos da individualidade de cada espirito e que eles, ainda que sejam nossos filhos, assim como nós, receberam em suas respectivas encarnações ou reencarnações suas missões bem como seus livres arbítrios que lhes cabem levar adiante, pois são fardos e liberdades intransferíveis que devemos aceitar sem censurar. Se eles, espontaneamente entenderem que algo de bom em nós serve para suas vidas que assim seja.
Quando abrimos mão do equilíbrio nos tornamos vulneráveis as vaidades pessoais e ao orgulho desenfreado do nosso “ego insaciável” ao desejarmos que os outros sejam iguais a nós. Quais crianças mal criadas que ainda somos, melindramo-nos por coisas cuja insignificância e banalidade saltam aos olhos de um espirito medianamente evoluído. Queremos, a todo custo medir os outros com a nossa régua que na maioria das vezes carecem de uma boa aferição por estar torta, desajustada, em desnível e, muitas vezes, acreditem, enferrujadíssima.
Respeitar e tolerar cada um exatamente como é e vive, com virtudes e defeitos, sem a vã ilusão de querer transformar quem quer que seja, são princípios que estão alicerçados no equilíbrio e no trinômio maior sobre o qual repousam os pilares de nossa Doutrina: Deus, Cristo e Caridade. Se, no frigir dos ovos, alguns de nossos bons exemplos puderem ser aceitos e agregados por algum de nossos semelhantes em sua vida foi por que lhes fez bem e assim o entendeu que deveria adiciona-los para viver melhor sem que para isso tenha de nos atribuir crédito algum. Tampouco vamos sair correndo para exigir a autoria de coisa alguma. Se conseguirmos carregar a nossa cruz em direção ao Cristo com amor e perseverança sem atira-la às costas dos que conosco caminham já devemos nos dar por felizes e espiritualmente em comunhão com os seus ensinamentos por que Ele conhece as nossas fraquezas e não foi sem motivos que proferiu: “Deixai vir a Mim os pequeninos por que deles é o Reino dos Céus!”.
Quem são esses pequeninos... Você saberia me dizer? São os de baixa estatura? A quais criancinhas O Mestre ali se referia? Somente aos fisicamente menores de colo? Negativo: Referiam-se a todos nós. Por mais que o nosso orgulho, ingenuamente, nos queira provar o contrário, somos ainda por encarnações a perderem-se de vistas, crianças e, muitas vezes, malcriadas quando insistimos em ignorar Os Exemplos do Pai e do Nosso Irmão Maior, entregando-nos às birras e calundus quando achamos que não recebemos dos outros à atenção ou o elogio que em nossa mente mais que pueril julgávamos ser merecedores.
Os dois personagens desta minha crônica, Geraldo e Maria Estela, obtiveram êxito na educação moral e espiritual de seus filhos. Eles lhes serviram de espelho sem que o desejasse. Jamais sequer pensaram que os filhos neles se refletissem. Achavam-se demasiadamente simples e naturais. Tampouco em nenhum momento de suas existências físicas aqui na Terra imaginaram medir cada um de seus filhos com as suas réguas. Aquele casal sabia que os filhos traziam consigo suas próprias réguas com as quais reencarnaram em seu lar e que com elas seriam medidos. Positiva ou negativamente. Cada qual de acordo com o seu livre arbítrio ou, especificamente, caso queiram assim entender, conforme a relevância de utilidade e inutilidade que porventura deram as suas existências.
Portanto, negão, procure ser o seu próprio espelho e deixe que cada um tenha o seu. Não se envergonhe se a sua imagem nele refletida não lhe pareça a melhor. Ela pode melhorar a cada dia de acordo com a sua evolução. De igual forma não se decepcione se ninguém além de você o mira. Se em seu espelho cintila, ainda que pequenina como a um grão de mostarda, a Luz que resplandece do Coração Misericordioso do Divino Mestre, você pode e deve se considerar no rumo certo.
Pense nisso... E vamos em frente!
Fraternal abraço.
* Enoque Alves Rodrigues