DE ONDE VEM O NOSSO MEDO?
*Enoque Alves Rodrigues
À maneira que tentamos esconder, torna-se cada vez mais evidente em nosso semblante o medo que sentimos de alguma coisa, quiçá em consequência de algo que já aconteceu ou que está por acontecer do qual tivemos conhecimento cujos resultados fizeram alguém sofrer quando não a nós mesmos diretamente. Não é necessário recorrermos á complexidade de pesquisas cibernéticas para entendermos que todo e qualquer medo nasce no recôndito de nosso psicológico e independente de seu grau de relevância está sim vinculado diretamente ao nosso estado de espirito. Portanto, o medo, como fator psicológico nada mais é que a manifestação preventiva de nossa alma, do nosso espirito. Ao contrário do que possa parecer, esse pequeno preambulo ainda não é suficiente para responder a pergunta que sugere o introito desta minha mensagem de hoje.
Afinal, de onde vem o nosso medo?
O medo vem de nossas inseguranças, de nossas incertezas, de nossa falta de conhecimento do invisível, de nossa pouca familiaridade para com as coisas do Criador, da incompreensão de nossos limites e potencialidades, de nossas próprias origens, etc. Se tivéssemos certeza absoluta de onde viemos e principalmente aonde desejamos chegar é possível que pouco ou quase nenhum medo nos atormentasse. Imaginemos, então, se procurássemos esmiuçar em cada dia em todos os seus momentos, bons ou ruins, as coisas e essências que nos fazem bem ou mal. No final do dia colocaremos em cada prato da balança tudo isto e veremos, com surpresa, para que lado pende o fiel da dita cuja. Por mais melindrosos que sejamos ou vitimas e coitadinhos contumazes que queremos ser de Deus, iremos constatar que a composição do nosso dia é quase toda feita, extraordinariamente, de momentos bons e que de certa forma nos proporcionaram algum prazer e alegria de viver do que de momentos ruins, tristes e infelizes que nada além de dissabores nos causaram. Sendo assim, vence-se a maioria, ou seja, os momentos felizes que compõem o nosso dia. Vamos melhorar isto? Imaginemos, então, um novo cenário que consiste em fortalecer nossas estruturas de resiliência procurando atribuir a nós mesmos em casa dia a nossa parcela de responsabilidade sobre todos e quaisquer momentos que o compõem como sendo consequências intrínsecas de nós mesmos, procurando vivenciá-los com resignação e naturalidade. Melhorou? Claro que melhorou e muito!
Na medida em que aceitamos como naturais os fatos que de alguma forma não nos seriam favoráveis, distanciar-nos-emos da fonte de onde jorra o sentimento do medo. Continuaremos tendo a exata noção do perigo, portanto, conscientes de como evita-lo, razão e motivo algum teremos para temer alguma coisa uma vez que possuímos a exata noção de como desviar, encarar ou transpor obstáculos por que de certa forma já possuímos o conhecimento prévio de que eles existem e para superá-los ou com eles convivermos com perseverança e galhardia preparados que estamos com as lições que a vida nos oferece a cada dia. Você acha isto uma utopia? De forma alguma! Experimente viver assim e verá quão verdadeiras são estas afirmações deste velho escriba.
Mas atenção. Muita calma nessa hora. Não saia por ai bancando o destemido valentão e arruaceiro que não tem medo de nada. Não confunda bunda com barafunda. Não ter medo é exatamente quando você não tem ou não dá motivos para tê-lo. É quando você respeita a todos, homens, mulheres, crianças e velhos. É quando você ama a todos os animais como sendo racionais e pertencentes á mesma célula mãe de onde todos nós nos originamos. É quando você procura conviver em harmonia com todos os reinos, de Elizabeth da Inglaterra ao rei leão, cobra, lagarto ou formiga da floresta, ou ainda ao grande e mais valioso diamante ao pequenino e insignificante grão do reino vegetal. É você pensar duas vezes antes de maquinar o mal de seu semelhante além de lhe cobiçar a esposa loiraça que o faz companhia. É você não desejar jamais ter em mãos aquilo que não lhe pertence do qual você nenhum esforço desprendeu para conseguir. É você não querer dar o passo maior que as pernas enchafurdando-se em dívidas que nunca conseguira pagar ou que irão lhe desestruturar financeiramente. É você saber que o Cara Lá de Cima, Infalível que é jamais teria lhe dado, ainda que você tivesse passado na fila por mais de uma vez, dois olhões e duas orelhonas com dois ouvidos e apenas um bocão se não fosse para você ver mais, ouvir mais e falar menos. É você entender que os seus direitos terminam exatamente onde começam os direitos dos outros. É você procurar dentro do possível ser um bom filho e dentro do impossível ser um ótimo marido e pai de família exemplar. É você saber exercer sua Cidadania respeitando os poderes legalmente constituídos, mas atuante na defesa de seus próprios direitos quando estes mesmos poderes constituídos tentarem lhe usurpar. É você saber o momento certo de brigar pelo que é seu, por que assim como você não quer o que não lhe pertence de igual forma tem todo direito de exigir e brigar para que não levem o que você se lascou para ganhar.
Siga ao pé da letra estas singelas sugestões e no final me responda:
- Você tem motivos para sentir medo de alguma coisa?
- Não, senhor!
- Ah, bom. Então... Estamos conversados.
Pensem nisso e sejam felizes.
E tenho dito.
*Enoque Alves Rodrigues é Espírita.