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Obrigado meu caro irmão ou irmã pela sua visita. Espero que tenham se sentido bem nestes momentos que aqui passastes envolvidos pelas vibrações que emanam do nosso Divino Mestre e de sua Plêiade de Bons Espíritos.




ANDRÉ LUIZ, O HOMEM QUE DESPERTA DEPOIS DA MORTE

ANDRÉ LUIZ, O HOMEM QUE DESPERTA DEPOIS DA MORTE

Crônica

* Enoque Alves Rodrigues

PARTE I - O HOMEM QUE DESPERTA DEPOIS DA MORTE

André Luiz despertou quando já não havia mais corpo para despertar.
Não houve luz súbita, nem coro de anjos, nem a paz prometida pelas preces apressadas da Terra. Houve sede. Houve fome. Houve silêncio. Um silêncio pesado, feito de culpa e lembranças.

Ele não morreu — percebeu isso tarde. Apenas continuou. Continuou pensando, sentindo, desejando. Continuou sendo ele mesmo, agora sem os disfarces da carne. E isso foi o mais difícil. Porque o espírito nu não se esconde das próprias falhas.

A vida que julgara correta começou a se apresentar como um livro mal lido: páginas ignoradas, capítulos pulados, notas de rodapé esquecidas. O orgulho, antes elegante, agora pesava como corrente. A indiferença, antes prática, revelava-se ausência de amor.

No vale escuro da própria consciência, André Luiz aprendeu a primeira lição:
a morte não absolve, apenas revela.

E ali, onde não havia tribunais nem juízes externos, ele compreendeu que o inferno não era lugar — era estado íntimo. Um espelho sem moldura refletindo tudo o que fora evitado em vida.

Mas mesmo na dor, algo persistia: a centelha da vontade. Pequena, quase apagada, mas viva. E foi essa centelha que o manteve existindo até o dia em que a misericórdia encontrou passagem.

PARTE II — A MISERICÓRDIA QUE NÃO JULGA

A ajuda não chegou como prêmio.
Chegou como resposta ao cansaço de errar.

Quando André Luiz foi recolhido, não houve perguntas duras nem acusações. Houve mãos firmes, olhares serenos e uma disciplina amorosa que não passava pano, mas também não esmagava.

Ele entrou no mundo espiritual como quem entra num hospital após negar a doença por anos. Cada tratamento doía. Cada esclarecimento feria o orgulho. Cada silêncio ensinava mais que longos discursos.

Descobriu que misericórdia não é anistia espiritual. É oportunidade.
E oportunidade exige esforço.

Nas colônias espirituais, aprendeu que o trabalho é oração em movimento. Que servir reorganiza o pensamento. Que ajudar o outro é método eficaz de autocura. Não havia privilégios — apenas tarefas adequadas à consciência de cada um.

André Luiz observava. Anotava. Refletia.
Não como cientista frio, mas como espírito arrependido tentando compreender o mecanismo divino que nunca falha, mas sempre respeita o tempo de cada criatura.

Ali ele entendeu que Deus não castiga — educa.
E que a dor é linguagem quando o amor foi ignorado.

PARTE III — O APRENDIZ QUE SE TORNA TESTEMUNHA

Com o tempo, André Luiz deixou de ser apenas paciente. Tornou-se colaborador. Não porque estivesse pronto, mas porque estava disposto. E no mundo espiritual, disposição vale mais que perfeição.

Observava encarnações sendo preparadas, espíritos sendo socorridos, consciências sendo despertadas lentamente. Nada era mágico. Tudo era meticuloso. A vida seguia organizada por leis invisíveis, mas profundamente justas.

Foi então que surgiu o compromisso silencioso: contar.
Não para impressionar, mas para esclarecer.
Não para criar mitos, mas para quebrá-los.

Ele escreveria para os encarnados como quem envia cartas do futuro ao próprio passado. Falaria de erros sem disfarce. De dores sem dramatização. De esperança sem fantasia.

Porque André Luiz compreendeu algo essencial:
a verdade consola mais do que a ilusão.

E assim tornou-se ponte.
Entre mundos.
Entre ignorância e entendimento.
Entre medo e responsabilidade.

PARTE IV — O ESPELHO OFERECIDO À HUMANIDADE

Quem lê André Luiz esperando conforto fácil se frustra.
Quem lê buscando verdade encontra trabalho.

Suas palavras não embalam — despertam.
Mostram que ninguém se perde de Deus, mas muitos se perdem de si mesmos. Que a fé sem ação é discurso vazio. Que evolução espiritual não acontece por decreto, mas por reforma íntima.

Ele nos devolve a pergunta que evitamos:
O que estamos fazendo com o tempo que recebemos?

Cada relato espiritual é, na verdade, um retrato humano. Cada descrição do além reflete escolhas do agora. Cada ensinamento aponta para dentro.

André Luiz não nos pede medo da morte.
Pede respeito pela vida.

Porque viver bem é a melhor preparação espiritual.

PARTE V — O COMPANHEIRO SILENCIOSO

Hoje, André Luiz não se impõe.
Acompanha.

Está presente em quem lê e decide mudar um hábito. Em quem entende que perdão não é fraqueza. Em quem percebe que caridade começa no pensamento. Em quem aceita que errar não é o fim — desistir é.

Ele caminha conosco não como mestre inalcançável, mas como prova viva de que o espírito pode se reerguer. De que consciência desperta transforma destino. De que sempre há tempo — enquanto há vontade.

André Luiz é memória do que fomos, alerta do que somos e esperança do que podemos ser.

E sua maior crônica não está nos livros.
Está na vida que cada um escreve depois de lê-lo.

Enoque Alves Rodrigues, Espírita