COMO ME TORNEI ESPIRITA - DEPOIMENTO VERÍDICO

COMO ME TORNEI ESPÍRITA – DEPOIMENTO VERÍDICO

*Enoque Alves Rodrigues

Muitos me perguntam ainda hoje quais foram os motivos que me levaram a tornar-me Espírita. Partem de pressupostos naturais de que a maioria, quando é levada a abraçar uma Religião ou Doutrina, o faz levado pela dor, desespero ou grandes desilusões. Em meu caso, nem uma coisa nem outra. Aproximei-me do Espiritismo sem ter passado por estas provações. Não fosse a certeza que tenho hoje de que nada acontece por acaso, atribuiria ás coincidências ou curiosidades, o fato de ter sido “empurrado” para os caminhos da Terceira Revelação. Objetivando evitar que algum irmão menos informado seja levado a pensar estar eu fazendo proselitismo religioso, também para não permitir que esse meu depoimento verdadeiro venha suscitar polêmicas vazias e desnecessárias quanto a esse ou aquele credo, faço questão de deixar claro, enfatizando, com redundância necessária, as três vertentes sobre as quais repousam a nossa Doutrina Espírita: Filosofia, Ciência e Religião. Eu, Enoque Rodrigues me situo nas três vertentes, com predominância para as duas primeiras, ou seja, filosofia e ciência. Vamos, então, a um pequeno resumo do que são essas vertentes antes que eu inicie meu relato. Lembrando que mesmo você que me lê há muito tempo, que comigo convive ou conviveu, não está obrigado a acreditar em uma só palavra do que menciono aqui. Acreditar ou não de sua parte, meu caro, em nada irá mudar o rumo da minha história. Ela aconteceu, é minha e de mais ninguém. Cada um tem a sua história. Cada um tem a sua verdade. O importante é que cada um acredite em sua própria verdade, desde que a tenha vivido como no meu caso.

1 – Filosofia, porque dá uma interpretação da vida, respondendo questões como “de onde eu vim?”. “O que eu faço no mundo?”. “Para onde eu irei depois de morrer?”. Toda doutrina que dá uma interpretação da vida ou uma concepção do mundo, é uma filosofia.

2 – Ciência, porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. Não existe o sobrenatural em Espiritismo.

3 – Religião, porque tem por objetivo a transformação moral do homem, revivendo os ensinamentos do Mestre Jesus Cristo, na verdadeira expressão de simplicidade, pureza e amor. Uma religião simples sem sacerdotes, cerimoniais e nem sacramentos de espécie alguma. Sem rituais, culto ou adoração a quaisquer imagens, velas, vestes especiais, nem manifestações exteriores.

Fui claro? Conseguiu entender? Passamos então ao meu relato.

Uberaba, junho de 1972. Trabalhava na Mendes Júnior que à época era tida como o gigante da área de construção pesada. Participava na condição de ajudante de cura e corte de concreto, da execução daquela imensa usina hidrelétrica que fica no rio grande, que divide Minas de São Paulo, pelo Triângulo Mineiro. Ficávamos em um grande acampamento muito bem estruturado, próximo a Cidade de Uberaba, MG, e Miguelópolis, SP. Sozinho, longe de qualquer parente ou conhecido, ainda na fase adolescente, era eu um número a mais no meio daquele exército composto por quatro mil peões que se revezavam dias e noites no sentido de levarem adiante aquele projeto que, naqueles tempos, parecia-nos faraônico e inexequível.

Pairavam-me a mente perturbações e inquietudes naturais, próprias de quem possuía só dezenove anos de idade. Estava eu, a minha maneira, descobrindo o mundo que não conhecia lá no Brejo das Almas onde os horizontes eram-me limitados. Na minha visão, o mundo começava e terminava no Brejo. Alojamento 17. Naquela semana eu trabalharia a noite. Peões acorriam-se ao pátio central onde o ônibus da antiga (não sei se ainda existe) Viação Cruz de Malta os aguardava. A um retardatário, perguntei: para onde vocês vão? Vamos passear em Uberaba, respondeu-me. Ah, é? Então eu também vou com vocês, disse-lhe eu. Apresse-se, então, porque o ônibus já vai sair!

Na estação Rodoviária de Uberaba descemos. Todos eles tomaram os rumos da Rua São Lourenço, nas imediações e Rua São Benedito, no centro. Quanto a mim, sem destino definido, segui sem rumo. Quando me dei conta, estava diante de um casarão, frente ao qual havia vários carrões e uma fila interminável de pessoas. Indaguei sobre que lugar era aquele e como se chamava aquele bairro, me informaram: aqui é a casa de Chico Xavier e este bairro se chama Parque das Américas!

- O que faz esse tal de Chico? É médico?

- Não. É Médium. Reza e fala com os mortos. Inclusive trás recados deles pra nós aqui na terra! Ele é espírita e tem esse poder! Espírita? O que é isso?

No meu berço de nascimento convivia com o Catolicismo e com o Cristianismo, pois naquela época os meus pais eram católicos, enquanto que, meus avós, assim como todas as minhas tias eram adventistas. Jamais, antes, ouvira falar sobre espiritismo. Aliás, fui ensinado desde a mais tenra idade que aqui tudo começa e termina. Que temos que andar direito senão ao morrermos vamos todos para o inferno. Resumindo: dava pena a visão que eu tinha outrora sobre a Terceira Revelação. Nenhuma! -Já imaginaram se tudo começasse e terminasse aqui? Quais seriam, então, os propósitos de Deus para conosco?- Mesmo assim, num ímpeto inexplicável, entrei no final daquela longa fila, onde as pessoas, calmas e silenciosamente aguardavam a chegada da vez. Eu, no entanto, tentava me controlar. Não via a hora de chegar a minha vez para que pudesse matar minhas curiosidades. Queria constatar o que havia de verdade naquilo. Quem era aquele homem que falava com os mortos? Não tinha eu a incredulidade dos convictos ou dos que duvidam apenas por duvidar. A minha incredulidade era a mesma dos inocentes. Dos leigos. Dos que não tiveram oportunidade alguma de saber qualquer coisa sobre o assunto. Alcançou-me o número 81 o que me excluía, automaticamente do atendimento naquele dia uma vez que Chico só atendia 60 pessoas por sessão. Uma semana depois lá estava eu no inicio da fila dos sessenta, tendo me alcançado a senha de número 26. Três horas depois estava eu numa antessala, aguardando o momento de finalmente ser atendido. Enquanto isso imaginava comigo como seria o tipo físico de Chico. Desconfiado, observava que muitos, ao retornarem da sala principal traziam à mão pedaços de papel e nos olhos, lágrimas, muitas lágrimas. Não, não se ouvia o choro convulsivo. O pranto era contido.

Que entre o próximo, por favor! Disse o guarda Xexéu, ao lado de uma senhora que se postava, estrategicamente, diante da porta daquela sala. Era a minha vez. Entrei.

Deparei-me com um senhor baixinho, de idade sexagenária, moreno, cabelos pretos, barbeado, assentado sobre um banquinho rústico de madeira, entre duas outras pessoas, com as mãos sobrepostas em posição de oração e vigília. Tinha a frente uma mesa de madeira tosca coberta por uma toalha branca. Ao sentir minha presença sem olhar-me nos olhos, sem ter tido antes, a meu respeito, qualquer informação pessoal, com voz suave e pausada própria de nós Mineiros, como se fossemos velhos amigos ou conhecidos, foi logo dizendo afirmativamente: “Você demorou muito para nos visitar, Enoque. Esperávamos vê-lo há muito tempo. Mas sabemos que Deus prepara tudo à sua hora. O seu momento é agora! Muitas dúvidas e incertezas o trazem aqui...”.

Confesso a vocês que ao ouvir estas palavras de quem jamais antes houvera tido comigo qualquer contato, quase saí em desabalada carreira. Mas permaneci ali. Parado. Estático. Só ouvindo. No entanto, o meu êxtase estava apenas começando. Vejam o que me disse Chico na sequência.

- “Há ao seu lado uma jovem branca de cabelos longos que diz se chamar Eulina e que foi sua avó materna na última encarnação. Traz consigo, nos braços, um bebezinho que não fala, mas que ela diz chamar-se Jeremias, que foi seu irmão que desencarnou cedo... Emmanuel, que está comigo, informa que você terá que lutar muito para conseguir tudo que quer. Que você sonha muito alto... Que o sonho é bom quando se tem os pés na realidade. Que as suas frustrações são naturais por que você espera muito sem ter feito nada. Que todos nós enquanto aqui estivermos somos falíveis, pois esse Mundo que o nosso veículo físico habita atualmente é de expiações e provas. São através delas que nos preparamos para um Plano mais elevado. Aqui é onde atingimos, depois de cairmos e levantarmos, o grau necessário ao nosso burilamento. Não significa, no entanto, que seremos elevados à categoria de Anjos. Teremos que passar por várias provações... Reencarnarmos por quantas vezes forem necessárias para atingirmos a perfeição. Não há mensagens psicográficas para você. A irmã Eulina não recebeu permissão do Plano Maior para se manifestar. Vá com Deus e Jesus... Que os Espíritos Amigos sigam seus passos!”.

Tudo batia. Soubera por minha mãe que tive um irmãozinho que se chamava Jeremias e que se desencarnou cedo. Tanto que não me lembro dele. Não me recordava do nome de minha avó materna. No entanto o que ouvi já me era mais que suficiente. Lembrar ou não do nome de minha avó materna era para mim um simples detalhe. Só que o Plano Invisível não vê as coisas com estas facilidades. Eles são precisos e perfeitos. Por isso, com discrição, fingi concordar com tudo que Chico me disse. Ao me preparar para sair, antes mesmo de alcançar à porta, ouvi aquela mesma voz suave e bondosa me dizendo: “Você não se convenceu de que o nome de sua avó materna é Eulina. Faça o seguinte: ao chegar ao alojamento 17, da Mendes Junior, abra seu armário de número 1836. Nele há uma maleta de fibra. Dentro dela está sua carteirinha de estudante de radiodifusão pelo Instituto Universal Brasileiro. Embaixo dela está sua carteira de trabalho onde tem uma foto de sua mãe. Duas páginas adiante, a de número 22, está o seu registro de nascimento. Pegue-o e veja lá qual é o nome da mãe de sua mãe.”.

Depois de todos esses detalhes a convicção apoderou-se de mim em caráter definitivo. Não necessitava mais de nenhuma prova. Mesmo assim, apenas para total desencargo ou quiçá porque enquanto aqui estivermos jamais teremos certeza absoluta sobre nada, ao chegar ao meu alojamento, o qual distava aproximadamente sessenta quilômetros de Uberaba, segui as orientações de Chico. Para mais uma surpresa minha lá estava o nome completo de minha avó materna: Eulina Alves de Souza. A partir dali, meu caro, tornei-me Espírita. O calendário assinalava o dia 10 de Junho do ano da graça de 1972. Os ponteiros do meu imenso relógio de pulso, da marca seiko, com seu mostrador preto, desproporcional a finura de meu braço, que era a coqueluche da época, utilizado por todos os peões de obra, indicavam 20 horas. Treze minutos e 38 segundos.

Você ai, que nesse exato momento se encontra lendo talvez incrédulo e desinteressadamente este meu relato, puro, verdadeiro e despretensioso, notou algo de estranho neste meu primeiro encontro com Chico Xavier? Não está faltando nada? Você tem certeza? Tem nada!

Faltou, sim. E muito! Faltou, simplesmente, o dialogo que não existiu. Houve somente um monologo, devido que, somente Chico falou. Durante os quase dez minutos que permaneci ali, na sua presença, em nosso primeiro encontro, não consegui abrir a boca uma vez sequer. Não foi necessário. Ele sabia tudo de mim. Sabia, sem jamais ter me visto antes, muito mais a meu respeito do que eu próprio.

Depois desse episodio quis a Providência Divina propiciar-me mais nove encontros com este baluarte do espiritismo lá em Uberaba. Em quase todos eles, entrei mudo e sai calado. Falar o que? Acredito que se somássemos todas as palavras que proferi nestes dez encontros que mantive com Chico, não encheriam a palma de uma mão.

Em 12 de Setembro de 1973, na última etapa do projeto, fui dispensado da Mendes com uma leva de peões. Aturdido, não obstante já Espírita, mas esperançoso e confiante no futuro que a vida por certo me reservaria, ainda titubeava. Retornaria para o Brejo, ficaria em Uberaba ou seguiria para São Paulo? Recebi minha rescisão no acampamento da Mendes, arrumei minhas trouxas que não passavam de uma pequena mala de fibra e rumei para Uberaba. Ao ser anunciado, entrei. O agora meu grande amigo, cuja presença irradiava minha vida, cujas palavras iluminavam os meus caminhos, ao contrário das vezes anteriores, estava de pé, com as duas mãos apoiadas sobre a mesa. Ao ver-me, sem que eu nada lhe falasse, exclamou:  “Você está vindo aqui para se despedir da gente. Nunca se esqueça jamais que em Espiritismo é preciso antes crer para depois ver. Você ainda verá muitas coisas que irão consolidar cada vez mais a sua fé. Como foi dito desde o inicio, as coisas não serão fáceis para você. Você tem em sua mente três alternativas: “ficar”, “voltar” ou “seguir”. Depois de tudo que lhe foi dado conhecer, “ficar” significaria acomodar; “voltar” seria o mesmo que acovardar, enquanto que “seguir” representa a sua coragem, confiança e determinação no futuro, pois é pra frente que se anda. Vá com Deus e que os Espíritos de Luz o acompanhem e iluminem. Assim seja!”

Comprei uma passagem de ônibus na Rodoviária de Uberaba e embarquei com destino a São Paulo. Cheguei aqui em São Paulo na antiga Rodoviária que naquele tempo ficava no Bairro da Luz, sozinho, com os espíritos que o amado Chico pediu que me acompanhassem e que desde então, jamais, por um momento sequer, me abandonaram. Ainda estava dentro do ônibus preparando-me para descer quando entraram dois senhores: “Pessoal, nós estamos recrutando serventes para trabalharem em nossa obra do supermercado Morita, lá no Morumbi. Alguém se habilita?” Pronto, a preocupação que até então eu tinha quanto ás dificuldades de um primeiro emprego em São Paulo acabou-se ali. Naquela empresa, onde permaneci por oito anos galguei várias posições, tendo sido lá onde também retomei os meus estudos. Já no primeiro ano em São Paulo passei a frequentar a FEESP Federação Espírita do Estado de São Paulo, que ficava na Rua Santo Amaro, hoje na Rua Maria Paula, nº 140, onde ainda frequento.

Dez anos depois, já casado, confortado pela doutrina que abracei e que sigo sem muito fervor ou proselitismo uma vez que ela jamais exigiu de mim que me afastasse do meu eu, da minha identidade, do meu caráter de homem simples sujeito a todas as vicissitudes e falhas no aprendizado da vida, mas sim, que procurasse a cada dia, melhorar um pouco e, dentro do possível, mitigar sofrimentos próprios e alheios, estava agora às voltas com a medicina humana no sentido de que a vida de meu primeiro filho que nascera com gravíssimos problemas de saúde fosse poupada. A cada uma das cinco cirurgias as quais ele se submeteu, pelos melhores e mais renomados especialistas do Brasil, inclusive do exterior, eu, juntamente com a mãe, a deusa que me fora preparada pelo Plano Superior, éramos obrigados a ouvir a mesma ladainha: “Vamos fazer o possível, mas não garantimos nada.” Ás vezes eles me chamavam em um canto, longe da mãe e diziam: “O caso do Fernandinho é muito grave. Não há nada que a medicina possa fazer. Seu filho se encontra aqui no Hospital das Clínicas que é a maior referência hospitalar da América do Sul. Tudo que se tinha que fazer já foi feito. É só aguardar.” Quando eu ouvia essas baboseiras mirava na cara do interlocutor e fulminava: “Vá lá e faça o seu trabalho e deixe que os Caras lá de Cima se encarreguem do resto. Quem você pensa que é, seu tonto? Quem foi que lhe deu tanto poder para que você seja tão convicto assim, nesta sua ignorância e burrice?” Eles olhavam-me, com piedade e riam. Por certo pensavam: isso é desespero de pai, coitado! Hoje, quase todos eles tornaram-se meus companheiros de Doutrina e quase sempre estamos nos cruzando na Federação e quando isso ocorre, damos grandes gargalhadas. Inclusive, tirando-me sarro, eles gesticulam do mesmo jeito que eu à época.

Na terceira cirurgia, onde eu tinha consciência de que maiores riscos seriam eminentes, assentados na sala de espera onde permanecíamos todo o dia desde o início até o final das cirurgias, devido à aflição da mãe, incertezas se apoderaram de mim e pus-me a resmungar: “Puta que pariu, quando é que vocês vão me aliviar esse peso das costas, caralhos.” “Quais foram às culpas que tivemos, eu, minha esposa e meu filho para que tenhamos que passar por esse suplício todo, seus bundas!” Finalizado aquele desabafo, próprio de nós humanos (já que espírita não é santo é gente normal como qualquer um), visualizei, pela clarividência, o Centro Cirúrgico do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde nos encontrávamos, e onde meu filho fez todo o seu tratamento e, naquele momento, vi toda a equipe médica recebendo fluídos magnéticos. Por detrás de cada um dos médicos encarnados, havia um irmão desencarnado, médico no Plano Superior sob a orientação e coordenação direta do grande médico desencarnado, André Luiz. Enquanto os médicos materiais ainda costuravam os cortes da cirurgia, vi, repito, pelo dom da clarividência, aquela equipe de irmãos médicos desencarnados passarem por nós na sala de espera e, tendo André Luiz, à frente, me disseram: “É finalizada a cirurgia. Tudo saiu bem. Procure da próxima vez ser mais comedido e educado na sua aflição. Se você não quer ou não pode ser um instrumento do Plano Superior, pelo menos, permaneça calado. De preferência, sem proferir palavrão.”  Foi um tapa na cara o qual levei muito tempo para assimilar. Mais valeu!

Onze anos após a minha última estada com Chico lá em Uberaba, cartazes afixados na entrada da Federação Espírita informavam que o querido amigo, que sempre visitava a FEESP, estaria chegando aqui em São Paulo dali a uma semana. Não comentei nada com ninguém. No dia da visita lá estava eu sentado, cabisbaixo, na última fileira, no auditório “Bezerra de Menezes.” Quem conhece esse auditório aqui na FEESP sabe o quanto ele é grande. Muita gente. De tão distante que me achava, mal conseguia ver Chico. Parecia mais um pequeno vulto. Iniciaram-se os trabalhos com uma prece. Dali a instantes iria começar a sessão de psicografia. Atento e compenetrado observava. Passados uns 30 minutos desde o início da sessão psicográfica, ouço uma senhora que auxiliava Chico gritando a plenos pulmões:

- “Enoque... Enoque... Tem algum Enoque Rodrigues, aqui?” Meu Deus. O que era aquilo? Espere um pouco: Enoque poderia ser que tivesse outro ali, mas “Rodrigues?”. Era eu. Levantei-me.

- “Por favor, venha, rápido!” “Há mensagens para você!” Corri até a mesa onde Chico estava em transe psicográfico que continuou cabisbaixo, produzindo outros milhares de mensagens de irmãos desencarnados. Peguei o meu papelzinho escrito a lápis o qual guardo até hoje e lá estava registrado:

“Você está vivendo agora uma das provas das quais lhe falamos lá em Uberaba. Lute. Mantenha-se firme. Não esmoreça. O Plano Superior não prevê o desencarne de seu filho em idade tenra. Ele veio para cumprir integralmente sua missão. A você, junto com a mãe, cabe a grande responsabilidade de colaborar com o seu grande resgate. Pensemos em Jesus e sigamos em frente!”

Em 1972 tornei-me Espírita. Em 1983 e 1984, recebi as confirmações que necessitava para continuar-me Espírita. De lá para cá, inclusive pelo muito que já recebi apesar do pouco ou quase nada que fiz por merecer, permaneço Espírita. Hoje, amanhã e para todo o sempre, amém!

Fernando Henrique, “o carinha dessa verídica história” que os grandões Lá de Cima fizeram com que reencarnasse em nossa casa para resgatarmos algumas dívidas com o pretérito, hoje, forte e robusto do alto de seus quase dois metros de altura, vende saúde. 

E tenho dito!

*Enoque Alves Rodrigues