ERRO ALGUM ESTÁ ACIMA DA ESTATURA DE QUEM O COMETE
*Enoque Alves Rodrigues
Terra, Planeta de expiações e provas. Aqui, encarnados, no pleno exercício de nossas liberdades, aprendemos com os próprios erros, procurando subtrair deles o máximo de conhecimento e experiências. Dessa maneira, potencializamos, cada vez mais, nossa evolução rumo ao Mundo Maior. Entretanto, por vezes, somos pegos lamentando, ou pior, nos demonizando ou fazendo-nos de vitimas de circunstâncias naturais pelas falhas eventualmente cometidas como se fôssemos perfeitos e como se aqui não nos achássemos exatamente por que necessitamos errar para aprender, cair para levantar e seguirmos em frente.
Nenhum erro ou falhas, por mais graves que sejam, estão acima da estatura de quem os comete. O homem, na prática de seu livre arbítrio, que lhe foi dado por Deus através do qual se conhece as próprias limitações, é e será sempre maior que seus erros. Não existem erros ou falhas por maiores que sejam capazes de se sobreporem as potencialidades e magnitudes do homem. Sendo assim, o homem não pode, nem deve se sucumbir aos seus próprios erros, mas repará-los.
Grande parte dos sentimentos de culpas que nos assolam, estão vinculados a padrões sociais ultrapassados aos quais ainda insistimos em manter e preservar. É a sociedade com suas regras inflexíveis e implacáveis, em cujo seio, nos encontramos, quem nos diz como devemos nos comportar e agir. Quebrar tabus e romper barreiras por ela impostas é ser condenado sem julgamentos prévios ao fogo do inferno. Escreveu e não leu é sentir o estalo do bambu se quebrando no meio das costas do infeliz “fora de padrão”. Rsrsrs.
Padrão de que? Que moral tem alguém para impor ao outro como se deve viver e se conduzir? Por quais processos de metrologias se efetuou a calibração ou aferição da régua enferrujada, curta e com falta de escalas com a qual a sociedade, ou parte dela, mede ou pretende medir seus semelhantes? Quem foi que outorgou a sociedade, ou parte dela, a autoridade para julgar e condenar o seu próximo se nem mesmo O Cristo, Imaculado, Filho de Deus, Governador Supremo da Terra e de todos nós se prestou a esse papel? Ao contrário, ao ver diante de Si, a jovem flagrada em pecado pela mesma sociedade sanguinária que já existia há mais de dois mil anos com os mesmos e ultrapassados padrões de costumes e comportamentos, á qual queriam apedrejar, ordenou que “aquele que estivesse sem pecado que atirasse a primeira pedra”, e ai, meu nego, o que se viu foi uma debandada vergonhosa, por que não obstante todos ali se acharem perfeitamente sintonizados com os padrões e costumes sociais da época, e com a Lei de Moisés, ninguém se atreveu a tomar a iniciativa, pois, na verdade, nenhum deles ou nenhum de nós, se encontra suficientemente isentos de pecado para apedrejar quem quer que seja. Coube, então, ao Divino Mestre liberar a jovem, “vá e não peques mais”.
Piedade, equilíbrio, tolerância e compreensão são tudo que devemos ter no momento em que a gangorra da vida e sua dinâmica nos redirecionar da condição de vítimas contumazes de nós mesmos para a condição de algozes inveterados, com uma afiada guilhotina ás mãos, ávidos por um pescoço a decepar. É ai que a nossa fichinha plasmada no mundo das hipocrisias e do faz de contas tem que cair. Decepar ou não decepar? Condenar ou absolver? Embasado em quais conceitos e convicções eu tomaria a decisão de condenar alguém? Apenas por que esse irmão não pensa ou age como eu? E quem me garante que o que penso e faço é o correto? Por acaso também esse irmão não foi levado a essa situação por entender que estava agindo corretamente? E se ao invés de eu descer a guilhotina e manda-lo ás favas, parasse um pouco e o ouvisse? De repente, o que soa a sociedade como loucura ou desobediência ás suas leis e padrões tolos, mesquinhos e subjetivos, podem ser na verdade uma Grande Missão da qual apenas a Espiritualidade tem conhecimento.
Você não acredita? Então lá vai.
Baseada em quais acusações esta mesma sociedade engomadinha, irritantemente “çertinha”, (com “c” cedilha), sacramentou que o Cristo fosse crucificado?
Pois, é.
Hoje sabemos quais eram as Missões do Cristo. Certamente que também saberiam todos quantos gritaram “crucifica-o, crucifica-o”, se O tivessem escutado antes, ao invés de se apegarem, com unhas e dentes, á transitoriedade de seus dogmas e padrões ultrapassados, e falidos, tal qual se faz hoje.
Ou eu estou errado!
Bem, estarei certo se a minha convicção coincidir com a sua e errado se for o contrário. Pois afinal, é assim que a banda toca. Respeitar as diferenças é preciso.
E tenho dito.
*Enoque Alves Rodrigues é Espírita.